Chaves riots 1636

Os dois motins de Chaves, vila sita em Trás-os-Montes e da qual era donatário o duque de Bragança, foram analisados por António de Oliveira. Os factos que este autor descreve foram narrados pelo provedor de Guimarães, Jerónimo Ribeiro, em carta a Filipe IV com data de Outubro de 1636. Dizia que a revolta teria irrompido a 18 de Abril de 1636, ou pouco antes. O motivo fora a entrada do provedor de Torre de Moncorvo, Julião de Figueiredo, para negociar com a câmara os valores a pagar relativos aos novos tributos da imposição do real d’água e o aumento do quarto do cabeção. Fora recebido com pedradas num ajuntamento que contava com muitas mulheres. Teve de fugir para os seus aposentos, negando-lhe a população os bens necessários à sua aposentadoria e à dos seus criados. E mais, cercaram-lhe as casas e obrigaram-no a fugir para salvar a vida. O ouvidor da casa senhorial e alguns clérigos vieram em seu auxílio. Por mandado régio e para repor a ordem, o provedor de Guimarães dirigiu-se meses depois a Chaves, onde enfrentou a mesma oposição e com resultado idêntico: foi expulso da vila. Fez devassa, mas não conseguiu apurar culpados. Todas as testemunhas iludiram a denúncia dos amotinadores que se lhes pedia, afirmando que fora ‘o povo’. Parece que em Outubro a pacificação chegara, pois os montantes a pagar já estavam definidos.