Synopsis
Romero Magalhães sugeriu a causa para os alvoroços que ocorreram em Portugal na década de 1630 foi a crise económica. Sustentava que em Loulé os protestos populares seriam semelhantes a outros, nomeadamente do Alentejo. Desvalorizou motivações políticas e até o peso da fiscalidade acrescida. Considerou que os protagonistas dos alvoroços “eram camponeses esfomeados” que invadiam os espaços urbanos. E sinalizava maus anos agrícolas e falta de pão em Loulé em 1637. A isto somava-se o real d’água, o aumento do cabeção das sisas e à ameaça de peste. Os corregedores disseram depois que os amotinados eram lavradores, pastores, negros, mulatos e mecânicos, escudeiros, velhos, moços, meninos e mulheres. Ou seja, população rural e escalões inferiores urbanos. Mas também clérigos. E que resistiam às justiças com pedras, paus, azagaias e armas quejandas; eram ferozes e indomáveis. O motim estalou em 29 de Setembro de 1637. Muita gente reuniu-se perto da casa do juiz de fora, reclamando o fim da nova tributação. A vereação atemorizada, aceitou e o motim cessou. Por pouco tempo, pois os desacatos reacenderam-se com mais força em 13 de Outubro. Figura de destaque na repressão das alterações foi o capitão-mor da vila, Lopo Furtado de Mendonça. A redução de Loulé foi dada ao monarca em 28 de Fevereiro de 1638. Com excepção de um homem, acusado do crime de lesa-majestade, condenado à morte e executado em 12 Março de 1638, os amotinados foram abrangidos pelo perdão geral de Filipe IV.
Leader(s)
- Unknown
Further reading
- MAGALHÃES, Joaquim Romero (1972). “Os motins da fome (1637)”. Biblos, 52: 319-333. OLIVEIRA, António de (2002). Movimentos Sociais e Poder em Portugal no século XVII. Coimbra: Instituto de História Económica e Social – Faculdade de Letras, pp. 514-687. SILVA, José Justino de Andrade e (1855-1856), Collecção Chronologica da Legislação Portugueza (1634-1640), Lisboa: Imprensa de J. J. A. Silva, p. 146.