Faro riots 1637

António de Oliveira considerou que o móbil próximo para as alterações ocorridas em Tavira e seu termo em 1637 foi a recusa à nova tributação, concretamente o real d’agua, e à avaliação das fazendas para cobrar o quinto para o ‘donativo’ pedido para o resgate de Pernambuco. E, tal como em outras terras do Algarve, em Faro os amotinados chegaram dos campos do termo. Neste caso de Estói e de São Brás de Alportel, mas também de Moncarapacho. De Estói foram cabecilhas um escrivão de testamentos, um estalajadeiro, um sacristão, um alguacil, um barbeiro, vários almocreves. Estavam conluiados com moradores da cidade, gente dos mesteres eleita para a Casa dos Doze, entre os quais um ferrador, um tanoeiro, dois marchantes e um mulato. O principal cabeça foi Diogo Faria Moniz, morador de Estói, e tido como nobre dos principais de Faro. Seria depois condenado à morte. Mas a defesa da cidade, entre os quais se destacaram os mareantes e os mais nobres, resistiu e repeliu o assalto, mas acabou por suspender o pagamento do real d’água. Queimaram cartórios e roubaram. A pacificação do Algarve foi feita com as tropas do duque de Medina Sidónia e em Estói e Faro com negociação do corregedor de Tavira em 23 de Dezembro. Fora os cabecilhas que foram acusados de crime de lesa-majestade e condenados à morte, os amotinados foram abrangidos pelo perdão geral concedido por Filipe IV. A única execução em Faro teve lugar em 12 Março de 1638. O outro sentenciado logrou fugir.