No ano de 1657, o espanhol Pedro Bohórquez Girón recebeu do governador de Tucumán, Alonso de Mercado y Villacorta, o título de tenente de governador e capitão-geral dos vales calchaquíes e obteve, pouco tempo depois, o direito de afirmar-se como "inka" da região, como estratégia visando impor a obediência política em nome da coroa espanhola naquele território. No ano seguinte, porém, Bohórquez já havia se integrado profundamente no mundo indígena e dedicou-se a manipular a respeitabilidade conquistada entre as populações nativas em benefício próprio, chegando mesmo ao ponto de fortificar as comunidades locais contra as armas espanholas e liderar ataques às cidades de Salta e San Miguel. Dava-se início, desse modo, a um levante indígena generalizado contra os poderes da colônia. De parte da população indígena sublevada, não obstante, as causas do levante iam muito além de uma suposta obediência cega aos ditames do Inca espanhol. Na verdade, tensões interétnicas latentes dominavam a região desde o século anterior, estando relacionadas com fenômenos ou processos tais como os esforços pela imposição do controle colonial nos ditos vales, a exploração da mão de obra nativa através da escravização e/ou das encomiendas, da construção de instalações coloniais em áreas importantes de ocupação indígena etc. A guerra interétnica que se iniciou com a liderança do espanhol durou aproximadamente vinte anos, prosseguindo, inclusive, para além do enforcamento de Bohórquez em 1667.