Este episódio só é conhecido pelo alvará de 28/02/1643. Os factos em causa -cuja data precisa não se conhece- estariam relacionados com o derrube do postigo de Santa Ana e de um muro anexo ordenado pelo prior e padres do convento de Nossa Senhora da Graça da ordem de Santo Agostinho. O caso foi devassado pelo corregedor da comarca no qual saíram culpadas muitas pessoas do povo, tendo alguns deles ficado presos muitos dias. Na petição que o povo de Torres Vedras enviou ao rei sobre o motim e as palavras que foram ditas ao juiz de fora e a outras pessoas, pedia-se que se não procedesse contra o povo e que se não derrubasse o muro. Em vista desta petição e da informação que o rei mandara pedir a Duarte Ribeiro de Macedo, provedor da comarca de Alenquer, dizia-se "hei por bem e me praz que, no que toca ao crime e culpa que se lhes formou do motim e palavras de que se trata, e devassa que pelo dito caso se tirou, se ponha perpetuo silêncio, e que os ditos moradores de Torres Vedras não sejam molestados pela culpa que se lhes pôs no dito caso, visto outrossim o que consta da dita informação". Ou seja, encerrava-se o assunto com perdão aos populares. E mais não se sabe. Em qualquer caso, este episódio seria um entre muitos conflitos de base estritamente local comuns a quase todas as partes da Europa e dos mundos ultramarino. Contudo faz alguma luz sobre os factores e a capacidade de mobilização ordinária e quotidiana das populações.