A revolta do Porto inscreve-se na serie de alterações que ocorreram em Portugal na década de 1630. Têm como causa comum a fiscalidade, sobretudo o aumento do cabeção das sisas e do real d'água. Englobam também a defesa de privilégios municipais (colectivos) e rejeição contra os excessos na cobrança praticados pelos corregedores, assim desrespeitando os privilégios particulares de cada estrato social. Foram estudados por Aurélio de Oliveira e António de Oliveira. Ambos destacam as pressões fiscais, rebatendo a tese de Romero Magalhães sobre a fome como o principal motor. Todos concordam na capacidade expansiva das agitações após a revolta de Évora, em 1637. No Porto, os protestos contra a fiscalidade vinham de há muito. Em 1638, o corregedor insistiu na cobrança do real d’agua e na quarta parte do cabeção das sisas. A reacção local foi a convocação em 18 de fevereiro de um ajuntamento de fidalgos e cidadãos para escrever ao rei dizendo que o real d’água já tinha sido pago em 1631. Cinco dias depois, a resposta do rei chegou intransigente. O resultado foi o assalto nocturno à câmara e o incêndio do cartório com os registos fiscais e o arrolamento dos bens dos cidadãos. A posterior devassa não apurou culpados. A vereação fez denúncias, pelo que Madrid forçou a sua deposição, nomeando outra gente. Mas a resistência à cobrança manteve-se com a conivência dos novos camaristas e em 1639 recusaram-se a registar o regimento da imposição do real d’água nos livros da câmara.