O tumulto de Vila Viçosa foi desencadeado por um pajem do duque de Bragança chamado Jerónimo Garcia Caldeira. Foi ele quem incitou a população a ir buscar o juiz de fora que tinha os papeis da vila relativo às fintas do real de água, bem como os doze mesteres do povo que tinham a cargo a sua cobrança nos açougues. Primeiro destruíram as balanças; depois dirigiram-se a casa do letrado e começaram à pedrada às janelas. Um dos filhos do letrado apareceu à janela com uma espingarda, o que ainda exaltou mais os ânimos. Incendiaram a casa, ardendo a biblioteca e papeis, salvando-se o letrado e a família pelas traseiras da casa. Gente do duque ainda tentou salvar os bens do letrado. O motim prolongou-se pela noite, e o povo prosseguiu a vingança, atacando os Doze do Povo. Foram aquietados por criados do duque que tinham ordens para prender e matar todos os amotinados. E só a presença a cavalo do jovem duque de Barcelos (herdeiro do duque de Bragança) pôs fim à revolta. Estas alterações são surpreendentes, pois é bem conhecido o desinteresse do duque em apoiar os movimentos populares que atravessavam o reino. Ora Vila Viçosa era a sede do seu ducado e o seu local de residência. Se o tumulto se apaziguou graças ao seu empenho, o simples facto de ter ocorrido, sinaliza bem a força da indignação das populações contra os novos tributos decretados sem o acordo das cortes. Contudo a acção do duque valeu aos moradores das suas terras serem abrangidos pelo régio perdão geral.